VOVÓ CAMBINDA
Vovó Cambinda
De Aruanda, de Angola, das
Almas, da Guiné… de todos os lugares!
Uma entidade que conversa
bastante, com voz calma e mansa, caminha bem arcada e lentamente, apresenta-se
em trajes humildes e dá bronca como toda boa velha Iyabá – esta é Vó Cambinda
de todas as nações! Gosta de puxar a orelha de seus filhos! Enxerga muito pouco
e obriga o médium a piscar várias vezes na consulta. Ri muito, faz seu fumego e
gosta de contar “causos” do tempo da escravidão. Conhece muita coisa da vida!
Vovó Cambinda trabalha em diversas falanges, com diversas denominações. Cada uma possui suas particularidades e suas histórias, mas todas possuem, em comum, os trejeitos e as manias que definiram muito bem seu aspecto e sua apresentação nas Tendas de Umbanda. Ela é especialista em solucionar problemas de ordem pessoal, com conselhos que caem como uma luva em seus filhos! Ela é uma entidade que não deixou de ser “babá” de seus sinhozinhos e da molecada da senzala.
Cambinda representa esse apanhado de negras que trabalharam nas Casas de Engenho cuidando da gurizada e da comida que era servida ao senhores feudais. Sábias, recatadas, zelosas, amororosas, pacenciosas e abnegadas. Sem mágoas em seu coração. Sempre aconselharam o amor ao próximo.
Quem possui em sua Tenda uma “Vó Cambinda” zele dela com amor e respeito, porque ela trabalha com dedicação, mas é exigente com seus filhos. Ela é “nega de uma palavra só e quando diz que não quer mais e não faz, nega véia não faz!” – palavras de Vovó Cambinda.
Vovó Cambinda trabalha em diversas falanges, com diversas denominações. Cada uma possui suas particularidades e suas histórias, mas todas possuem, em comum, os trejeitos e as manias que definiram muito bem seu aspecto e sua apresentação nas Tendas de Umbanda. Ela é especialista em solucionar problemas de ordem pessoal, com conselhos que caem como uma luva em seus filhos! Ela é uma entidade que não deixou de ser “babá” de seus sinhozinhos e da molecada da senzala.
Cambinda representa esse apanhado de negras que trabalharam nas Casas de Engenho cuidando da gurizada e da comida que era servida ao senhores feudais. Sábias, recatadas, zelosas, amororosas, pacenciosas e abnegadas. Sem mágoas em seu coração. Sempre aconselharam o amor ao próximo.
Quem possui em sua Tenda uma “Vó Cambinda” zele dela com amor e respeito, porque ela trabalha com dedicação, mas é exigente com seus filhos. Ela é “nega de uma palavra só e quando diz que não quer mais e não faz, nega véia não faz!” – palavras de Vovó Cambinda.
“Cambinda mamãe ê, Cambinda
mamãe a…
Cambinda mamãe ê, Cambinda mamãe a…
Segura essa filha que eu quero ver…
Filha de Umbanda não tem querer!”
Cambinda mamãe ê, Cambinda mamãe a…
Segura essa filha que eu quero ver…
Filha de Umbanda não tem querer!”
Vovó Cambinda da Guiné fala
aos Filhos de Umbanda
É com muita alegria no
coração espiritual que nós, aqui de Aruanda, estamos observando o movimento de
Umbanda crescer e se fortalecer através da benção que Deus concedeu a todos que
é a busca do conhecimento, o querer saber.
Maior alegria ainda
sentimos, ao perceber que nossos filhos amados da Terra, já não colocam em
nossas mãos a responsabilidade integral pelos seus deslizes, fracassos, dores e
provas. È bom saber que estão buscando o esclarecimento e já percebem que o mal
que por ventura lhes chega, ou é prova carmica, ou é fruto de sua própria
irresponsabilidade e invigilância.
Vemos hoje a Umbanda
crescendo e florescendo em tantos corações que queremos agradecer a todos os
filhos de fé pelo seu devotamento e empenho no sentido de trazer à Luz o real
objetivo da Umbanda que brilha em Aruanda por todos os filhos de Deus que
habitam a Terra e outros mundos.
Hoje em dia, os filhos de
Umbanda, já não são mais “cegos”, já não seguem orientações sem raciocinar e
conhecer, mesmo porque o conhecimento nesses tempos atuais é veloz e está à
disposição de todo filho que queira e se interesse em aprender, conhecer.
Esse desabrochar do
conhecimento entre os filhos de Umbanda muito nos alegra e facilita o nosso
trabalho. Temos hoje filhos mais esclarecidos que muito colaboram conosco
quando precisamos nos comunicar de maneira específica sobre assuntos da modernidade.
Nossa parceria vem se estreitando cada vez mais e, tempo chegará, no qual a
telepatia dispensará a incorporação.
Aquele que tem facilidade
de aprendizado, que busca o conhecimento, tem por dever orientar e esclarecer
seu irmão menos favorecido de todas as formas possíveis, porém, jamais
excedendo seus limites pessoais. Digo isso filhos, porque temos visto alguns
trabalhadores de nossa Seara, tão afoitos e empenhados em sua missão
espiritual, que estão se esquecendo de suas tarefas materiais e de seu convívio
social e familiar. A consequência disso será fatalmente o desequilíbrio de suas
forças e de sua vida que deve ser bem dosada em todos os seus aspectos para que
seja realmente plena e satisfatória a experiência que Deus a todos concede.
Sarava a todos os filhos de
fé!
Sigam pelos caminhos da
Luz! Distribuam a Luz do conhecimento que conquistarem entre seus irmãos com
muita fé, com muito amor e carinho para que os frutos dos seus esforços
pessoais sejam doces!
Agora e para sempre,
Vovó Cambinda da Guiné
(psicografado por Annapon)
em 23.02.2011
Um caso de amarração ( conto
de Vovó Cambinda da Guiné )
Era um dia comum de
atendimento no terreiro onde Vovó e sua médium trabalhavam.
Entre um atendimento e
outro, Vovó chamou seu Cambone para conversar, estabelecendo o seguinte
diálogo:
- Meu filho, ouça bem!
Daqui a alguns dias atenderemos uma pessoa que virá pedir à nega que faça um
trabalho de amarração. Fique atento e preste muita atenção! Quero que não
julgue a pessoa, nem a mande embora, deixe que a nega cuide dela. O que você
vai fazer é só prestar atenção no atendimento sem julgar ou pensar mal da
pessoa. Estamos entendidos?
- Sim Vó. – respondeu o
Cambone ressabiado, porém, acrescentando: -
- Só queria dizer uma coisa
Vó, se me permite.
- Pode falar.
- Nosso terreiro é proibido
de realizar trabalhos assim. Até mesmo de atender pessoas que venham com tal
pedido não é permitido. Como faremos então? Isso pode me complicar com o chefe
Vó.
- Não se preocupe filho. Eu
mesma falarei com o chefe e sei que ele permitirá que eu atenda a pessoa. Não
pense que a Vó vai fazer a amarração filho, é claro que não. Você conhece a
nega o suficiente para saber que não faço trabalhos assim. Quero apenas que
preste muita atenção no trabalho que a nega fará com a pessoa, só isso.
- Está bem Vó! Desculpe.
Confio muito na senhora e sei que, se vai atender a pessoa é porque ela está
muito necessitada.
- Isso mesmo filho. Você
começou a entender o atendimento. Devemos sempre abrir nossos braços para
atender os filhos de Deus necessitados e em sofrimento sem julgar, sem pedir
nada em troca, sem expulsa-los antes de pelo menos tentar ajudá-los a caminhar
pelos bons caminhos.
O Cambone entendeu o
objetivo de Vovó Cambinda e sossegou seu coração.
O tempo passou sem que se
apresentasse a mencionada pessoa para o atendimento, fato que muito aliviava o
coração do Cambone dedicado, porém, recado de Preta Velha é recado de Preta
Velha e deve ser muito bem conservado na memória, mesmo porque o tempo para
eles, entidades, é diferente do nosso que corre aqui na Terra.
E o tempo seguiu passando e
apagou, com sua ação, da memória do Cambone, o recado da Vovó. Foi justamente
nesse período de total esquecimento do Cambone que a tal pessoa apareceu em
busca de atendimento.
Mais uma gira de Pretos
Velhos se abria no terreiro. Os médiuns, felizes e bem dispostos, davam boas
vindas aos Iluminados Pretos com muita fé e amor no coração. O clima era de
total harmonia e paz. Cumprido então, o ritual de abertura da gira, começaram os
atendimentos.
Vovó Cambinda trabalhava
alegremente com sua médium a todos iluminando e abençoando com suas palavras
caridosas e sábias até que a tal pessoa apareceu, sentou-se em frente a ela e
fez o pedido fatal: queria que Vovó fizesse um trabalho de amarração em caráter
urgente.
O Cambone de Vovó reagiu
imediatamente, pois havia esquecido o recado dado há tempos.
Ela então, com todo o
carinho e sabedoria de alma iluminada, chamou a atenção do Cambone dizendo:
- Meu filho não anda
cuidando bem da memória, não é mesmo?
- Como assim Vovó? –
perguntou surpreso o Cambone esquecido. –
- Meu filho permitiu que o
tempo apagasse de sua memória um recado importante dessa nega!
Envergonhado o Cambone se
desculpa com Vovó e com a consulente, porém, amedrontado pelas consequências
que tal atendimento traria, perguntou a Vovó se não seria melhor chamar o chefe
para saber dele se a autorização para tal trabalho ainda se encontrava de pé.
Vovó, sorrindo como sempre,
aproveitou a deixa para aplicar em seu Cambone querido uma sábia lição:
- Meu filho! Palavra de
chefe não perece e nem se apaga da memória. O tempo não interfere na ação do
bem. Se ele nos autorizou ontem é porque confiou e sabe que o trabalho a ser
feito não marca nem hora nem dia para aparecer, ele simplesmente nos convoca ao
trabalho no momento certo, simples assim. Você, ao contrário, permitiu que o
tempo fosse traiçoeiro com sua memória, apagando dela uma advertência muito
importante. Não permita mais meu filho que o tempo seja cruel com você, procure
não esquecer os bons conselhos e as advertências da espiritualidade amiga e
comprometida com as causas do bem. Não se apegue e nem se iluda com o tempo,
mesmo porque ele tanto pode passar num piscar de olhos quanto pode durar a
eternidade. Sempre sábio em seus desígnios, é só Deus que sabe o tempo certo
para que tudo aconteça dentro da mais perfeita ordem.
Mais ainda envergonhado, o
Cambone se desculpa ainda uma vez, porém, dessa vez, procurou absorver a lição
gravando-a profundamente em sua memória e em seu coração.
Vovó seguiu o atendimento
procurando, com toda a sua calma, aplacar a urgência daquele coração que viera
até ela em busca de um trabalho de amarração:
- Então a filha veio
procurar Vovó para amarrar alguém a quem a filha quer muito, é assim?
- Sim. É isso. Preciso que
esse trabalho seja feito hoje mesmo. Não aguento mais viver sem ele, a minha
vida não faz sentido e eu o quero para mim, quero e preciso dele ao meu lado…
Estou disposta a pagar o preço que a senhora quiser contanto que o faça voltar
para mim e seguir vivendo comigo.
A essas alturas, o Cambone,
que ouvia a conversa, começou a se sentir incomodado e mais uma vez Vovó
interrompeu o atendimento para lhe falar:
- Filho?
- Sim Vovó. Precisa de
alguma coisa? – perguntou preocupado o Cambone. –
- Preciso sim meu filho!
Preciso que se lembre daquele tal recado que te passei com detalhes e aquiete a
sua mente, serenando seu coração. Lembra do que disse Jesus um dia? Se não é
capaz de lembrar-se do recado da nega, pense pelo menos nas palavras de Nosso
Mestre.
E mais um pedido de
desculpas ecoou naquela conversa constrangedora.
- Filha? Está mesmo
disposta a pagar o preço desse trabalho?
- Sim estou. É só dizer
quanto e pago agora mesmo.
- Olhe que o preço pode ser
alto!
- Não tem importância. Se
for para tê-lo de volta, pago com gosto!
- Certo! Então vamos
começar o trabalho agora mesmo. – disse sorrindo Vovó Cambinda enquanto
manuseava algumas ervas. –
- Pegue esse tercinho aqui
minha filha. É pequeno, porém, muito poderoso! Pegue.
A consulente segurou com
força o pequeno terço e, ansiosa, aguardava as orientações da Vovó:
- Agora quero que se sente
ali, na assistência onde estão as outras pessoas e reze esse tercinho com muita
fé. Enquanto isso, quero que converse com Deus, que é Pai de todos nós e nos
ama sem condições, e fale com Ele sobre suas razões para querer amarrar alguém,
ou melhor, outro filho amado Dele, a você, mesmo que assim ele não deseje ou
queira.
- A senhora está brincando?
– perguntou irritada a consulente. –
- Não! Não é brincadeira
não minha filha! Vá lá faça isso com muita fé e volte a falar comigo na semana
que vem.
- Mas isso não é trabalho
de amarração! Escute! Ouvi falar muito bem da senhora, pessoas me disseram que
a senhora resolve qualquer problema de qualquer ordem! Então? Por qual razão
não quer me ajudar?
- Estou lhe ajudando minha
filha! Eu trabalho assim. O que lhe disse faz parte do trabalho que farei
porque você me pediu!
- Nunca vi trabalho de
amarração feito assim, com reza e…
- E?
- E conversa com Deus! Se a
senhora não quer fazer o trabalho fale logo e não me faça perder tempo.
- Me responda uma coisa
minha filha. Se você conhece como se faz trabalho de amarração, porque não faz
você mesma por sua conta e risco ao invés de pedir a essa nega hein minha filha?
Silencio. O Cambone estava
a ponto de explodir, porém, dessa vez, preferiu esperar e confiar na Vovó.
- Não sei fazer trabalho
nenhum não senhora. Apenas sei o que algumas amigas me contaram sobre como
normalmente são feitos esses trabalhos.
- Então me diga mais uma
coisa; o trabalho que suas amigas mandaram e pagaram para ser feito deu certo?
- Acho que sim, mas se elas
disseram que mandaram fazer é porque deu certo, não é?
- Não sei. Isso quem
deveria saber é você minha filha.
- Pois é, vou investigar,
mas e agora? É prá fazer isso mesmo que a senhora me pediu? Tem certeza? Estou
achando isso muito estranho!
- Fazer ou não é você quem
decide minha filha. Todos somos livres para escolher os nossos caminhos, mesmo
que você esteja querendo violar esse direito que esse moço em questão também
tem.
- Eu acho que ele gosta de
mim também, caso contrário eu não estaria aqui, pedindo esse trabalho para a
senhora. Acontece que ele está enfeitiçado, por isso pensa que não me quer e
que já não gosta mais de mim. Entende?
- Não, eu não entendo minha
filha. Como sabe que ele está enfeitiçado? Quem foi que te disse isso?
- Ninguém me disse nada,
apenas deduzi isso porque ele mudou muito comigo de uma hora para a outra,
assim, sem explicação, ele passou a me evitar e ignorar. Isso só pode ser
feitiço, concorda?
- Não filha, não concordo
não. Ninguém precisa de feitiço para mudar de conduta, talvez, ele tenha mudado
aos poucos e você não percebeu, ou quem sabe tenha sido você mesma a afastá-lo.
- Como assim? Eu sempre fui
muito carinhosa com ele, sempre fiz questão de estar presente quando por algum
motivo ele precisava de ajuda, sempre o cerquei de cuidados, fiz tudo o que
pude por ele, portanto, isso que a senhora diz não faz sentido para mim.
- Está certo minha filha.
Então? Vamos continuar com nosso trabalho?
- Sim. Só me diga o preço,
preciso reservar o dinheiro para poder pagar no final do trabalho e, tem mais,
só farei o pagamento caso fique satisfeita com o resultado, do contrário, nada
de pagamento.
Nesse ponto da conversa o
Cambone, já visivelmente contrariado, quase interviu, porém, foi barrado por um
singelo, mas, firme aceno de mão da Vovó.
- Não se preocupe com o
pagamento minha filha, já alertei que o preço pode ser alto e já entendi que
está mesmo disposta a pagar, não se preocupe, vamos seguir adiante com nosso
trabalho. Agora vá e faça o que recomendei, aliás, faça mais, até a semana que
vem, quando aqui você voltar, deve repetir as orações e a conversa com o Pai
todos os dias. Pense em você, no rapaz e aproveite para colocar sua conversa
com Deus em dia, vai ser bom prá você. Na semana que vem nos veremos de novo e
vamos continuar a conversa.
- Está bem, mas continuo
achando tudo isso estranho demais. Aliás, pode me dizer em quanto tempo obterei
resultado?
- O resultado virá no tempo
certo. Cuide dessa sua ansiedade fazendo o que lhe recomendei, vai ajudar
muito.
A consulente se despediu da
Vovó e do Cambone sem cortesia alguma, irritada, deixou o terreiro sem se
sentar na assistência como fora recomendado, saiu esbravejando e transtornada.
Diante de tal atitude, já
esperada, o Cambone então decidiu perguntar a Vovó sobre o assunto:
- Vó? Viu como ela saiu?
Ela não fez o que a senhora mandou e ainda saiu cuspindo fogo! Nossa Senhora!
- Não se espante com isso
não meu filho! Se fossemos atender apenas as pessoas sãs, que nos compreendem e
acatam nossos conselhos e orientações, não seriamos os médicos das almas,
mensageiros do Divino Amigo que a todos acolhe e cura!
- A senhora está certa!
Sabe Vó, esse atendimento, muito embora esteja me deixando contrariado e
nervoso, já me ensinou muito sobre o trabalho lindo que vocês, os Pretos de
Nossa Umbanda realizam!
- Você ainda não viu nada
filho, isso é apenas refresco, mas não se preocupe, no tempo certo você ainda
vai aprender muito mais, fique tranquilo e confie nessa nega.
- Sempre confiarei! A
senhora é linda demais de alma Vovó!
- Quem me dera filho! Tenho
ainda muita lenha prá queimar no forno! – falou sorrindo Vovó de sua maneira
branda, sábia e peculiar. –
- E quanto à moça? Será que
ela volta ou vai jogar o tercinho fora e procurar alguém que a engane e atenda
seu desejo insano?
- Ela volta! Resolvi
atende-la meu filho porque ela está doente e necessitada. Esse desejo dela é
mera enganação que os maus espíritos estão incutindo na mente dela. Ela pode
não parecer, mas é boa pessoa. Sempre que pode, faz caridade espontânea, além
do que é médium nata, pronta pro trabalho de amor, só que ainda não sabe.
- Nossa Vó! É mesmo?
- Sim meu filho! Ela ainda
será uma boa trabalhadora! Pode crer! E isso que ela nos pede agora, será de
muita serventia para quando ela tiver de dar testemunho de fé, exemplificando
pela experiência própria a armadilha que é querer interferir na vontade e nos
caminhos das pessoas.
- Nossa Vó! Quanta coisa
por detrás de um atendimento! A senhora realmente enxerga longe, com olhos
espirituais e muito sábios!
- As vidas que vivi me
ensinaram meu filho! Só aprendemos errando e tomando consciência de nossos
erros. Só aprendemos depois que somos capazes de perdoar e amar a nós mesmos a
tal ponto que o erro não mais nos assuste ou limite nas ações do bem que temos
por dever tomar.
- Entendo Vovó! Agradeço a
Deus e à senhora pelas lições desse dia!
- E assim vamos aprendendo
juntos meu filho! Cada dia é uma lição no conjunto da vida bendita!
- Sim! E como é Vovó! Sua
benção!
- Deus o abençoe filho,
proteja e guarde em Seu Amor!
- Assim Seja!
Os trabalhos daquele dia
foram encerrados. Vovó seguiu, satisfeita, para sua morada de Luz. Sua médium,
já refeita do longo período de incorporação, mal podia crer em tudo o que
ouvira naquele atendimento.
O Cambone de Vovó e a
médium comentaram o caso entre eles, sem permitir que pessoas alheias tomassem
parte da conversa.
Ambos estavam boquiabertos
com a sabedoria e a paciência de Vovó Cambinda e muito curiosos pelo desenrolar
do caso. A certeza de que a moça procuraria outro lugar, a fim de satisfazer
seu desejo, já não mais rondava o pensamento do casal de trabalhadores, nem
tampouco o preconceito ou o julgamento pela atitude da moça, eles haviam
compreendido muito bem a lição que levariam pelo resto de suas vidas.
Vovó Cambinda da Guiné nos
relata, a partir desse ponto do texto, a conclusão desse caso:
Meus filhos amados e
abençoados!
Cuidem de seus corações a
fim de que seus desejos não se tornem os grandes vilões de suas vidas benditas!
Essa moça que atendemos com
todo o amor e carinho com o qual a todos recebemos em nossa casa, sempre de
portas e braços abertos para acolher quem quer que seja, estava realmente muito
necessitada e fascinada pelos espíritos que se negam em buscar,
temporariamente, o amor de Deus Nosso Pai que está sempre pronto a nos receber
e perdoar desde que seu Amor procuremos com sinceridade.
Médium que é, absorveu com
facilidade a ação desses mesmos espíritos que nada mais queriam se não usá-la
em seu próprio proveito. Essa absorção de pensamentos e ações negativas
acontece pela falta de vigilância e zelo de muitos médiuns que andam por ai a
beira de colapso nervoso.
Caso ela, a moça em
questão, tivesse sido atendida por outro espírito encarnado descomprometido com
o trabalho do bem, estaria a essas horas em maiores e sérias dificuldades,
servindo de escrava da maldade que ronda, infelizmente, esse planeta tão lindo
criado pelo Pai para o bem e progresso de todas as criaturas sobre ele
viventes.
Foi pelo seu bom coração e
obras, no entanto, que a Espiritualidade Superior a mim encaminhou essa filha.
O objetivo era resgatá-la pelo seu próprio merecimento e assim foi feito,
estejam certos disso, assim com a Graça de Deus foi feito!
Vejam como foi:
Depois de sair contrariada
e muito nervosa do terreiro, foi ao encontro das tais “amigas” que a haviam
aconselhado a fazer o tal trabalho de amarração. Constatou que, para algumas o
trabalho não havia surtido efeito algum, só haviam perdido seu precioso
dinheiro ganho com suor; para uma delas o trabalho teria sido “satisfatório”
não fosse a vida de frustrações e brigas constantes que vivia com o “amado”
amarrado chegando ao ponto de ter sido noticia nas páginas policiais que
constantemente relatam crimes de violência contra a mulher.
Diante disso, nossa
protagonista, analisando agora mais friamente a questão, se lembrou de minhas
palavras e do preço alto que coloquei a ela claramente sem mencionar custo
monetário.
Lembrou e sorriu. Foi para
casa rezar e pensar. Conversou com Deus e, em poucos dias concluiu que seria
muito ruim se ela um dia soubesse que alguém tivesse tido a infeliz idéia de
amarrá-la. Seu coração doeu profundamente, pois percebeu que não se deve
fazer aos outros aquilo que não se deseja para si mesmo.
Apesar de ainda sentir
paixão pelo rapaz, decidiu depositar nas mãos de Deus o seu destino, na certeza
que Ele daria o curso correto aos sentimentos conturbados de seu coração.
Ela voltou a nos procurar
no terreiro. Envergonhada pediu desculpas a mim, a médium e ao Cambone, depois
pediu, respeitosamente, conselhos para se sentir melhor com ela mesma e com a
vida.
Cuidei dessa filha com
muito amor, ela recebeu passes, limpeza energética e em pouco tempo já era
outra pessoa, feliz, equilibrada, amorosa. Hoje faz parte do corpo mediúnico da
casa servindo com alegria e amor a Luz Divina que todos acolhe, ama e respeita!
Saravá meus filhos!
Que a fé e o amor nunca vos
faltem para que nessas virtudes amparados, vocês vivam em paz e abundancia!
Vovó Cambinda da Guiné
Annapon
01.02.2012
Fiquem em Paz…
Casa dos Filhos de Pai
Antonio e Vovó Cambinda
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